terça-feira, 29 de março de 2011

Adeus

Adeus


Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.
Eugénio de Andrade, in “Poesia e Prosa”

terça-feira, 22 de março de 2011

A NOITE DAS MULHERES CANTORAS

Lídia Jorge já nos habituou a uma escrita ímpar e cativante. É o caso deste novo romance psicológico, alicerçado na memória, na culpa, na sobrevivência, na ambição humana de reconhecimento e… no amor.  A acção decorre no final dos anos 80 do século XX e procura dar resposta a uma pergunta,  que percorre o romance da primeira à última página: quantas vítimas se deixam pelo caminho para se perseguir um objectivo? 

A LER MESMO!

terça-feira, 1 de março de 2011

O tubarão na banheira




David Machado juntou-se ao ilustrador Paulo Galindro neste livro infantil. Nesta história, um dos protagonistas é um tubarão que entra dentro de casa e dorme numa banheira. Mas este tubarão mais ou menos bem comportado também anda de carro e vai à escola. Parece mentira? Só para quem não acredita no poder dos pensamentos. O Tubarão na Banheira é um livro de grande encanto, ao qual não faltou inspiração literária e criativa. Para aguçar a curiosidade, vejam este interessante vídeo sobre a história.

O rebanho perdeu as asas

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Amigos, acabou de chegar à bibiloteca um belo livro, especialmente  para os mais novos.
É uma história autobiográfica com abelhas, favos de mel e colmeias. Uma história muito estranha, que nos conta os sonhos de pessoas singulares e inesquecíveis. Uma história sobre os equilíbrios da Natureza, passada num tempo diferente.  Se não bastasse a bela história, o livro tem também originais e imaginativas ilustrações, que mais facilmente nos transportam para o mundo imaginado por António Mota. A ler!