João Villaret - Recado a Lisboa
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
SENHORA DA GRAÇA
Era uma vez um homem que era casado com uma mulher, muito amiga de vinho, a
ponto de não deixar parar vinho na adega. Um dia o homem saiu para comprar uns bois e
recomendou à mulher que não fosse à adega beber o vinho. Apenas o homem virou costas, a
mulher chamou logo uma comadre e foram ambas para a adega beber o melhor pipo de vinho
que encontraram. O homem, quando voltou para casa e se achou sem o vinho, queria bater na
mulher; mas ela disse-lhe que não lhe batesse, pois estava inocente, quem tinha bebido o vinho
tinha sido a gata. Como o homem não quisesse acreditar, a mulher disse-lhe: «Pois olha,
homem, havemos de ir à Senhora da Graça, e havemos de perguntar-lhe quem foi que bebeu o
vinho, se fui eu ou a gata; se a Senhora disser que fui eu, hei de trazer-te às costas para casa, e
se eu estiver inocente hás-de tu trazer-me a mim.
Partiu o homem mais a mulher para a Senhora da Graça, e tendo chegado a um sítio
onde havia um eco, a mulher disse ao homem: «Olha, escusamos de ir mais longe; Nossa
Senhora também aqui nos ouve.» O homem então gritou com toda a força:
«Dizei-me, Senhora da Graça, quem bebeu o vinho, foi a mulher ou foi a gata?» E o eco
respondeu: «A gata».
Três vezes o homem perguntou o mesmo, e três vezes o eco lhe respondeu a gata.
O homem então, convencido de que a mulher estava inocente, levou-a às costas para casa e
matou a gata para ela não lhe ir beber mais o vinho.
(Coimbra)
segunda-feira, 12 de outubro de 2015
As amendoeiras em cada Primavera cobrem de branco e rosa Portugal, lembrando a neve dos Países do Norte, tal como descrito no conto popular Português “A Lenda das Amendoeiras em Flor”.
A lenda das amendoeiras é um conto popular muito antigo atribuído a muitas regiões do mundo tendo as suas origens mais remotas na Pérsia, Turquia e no Próximo Oriente.
Em Espanha a lenda foi atribuída às cidades de Córdova e de Sevilha, mas tudo indica que os amores de lbne-Almundim e Gilda se referem a Silves, Algarve, em Portugal.
As amendoeiras são um dos símbolos da região do Algarve, sul de Portugal e de outras regiões de Norte e a Sul (Terra Quente e Alto Douro), onde há importantes festividades anuais relacionadas com as “Amendoeiras em Flor” e esta árvore de fruto está associada à memória e à tradição cultural das terras e das gentes.
Serve de tema para livros, peças de teatro, desenhos animados, trabalhos de escolas, poemas e filmes.
Este é um filme de ficção, baseado nos acontecimentos descritos na lenda.
A lenda das amendoeiras é um conto popular muito antigo atribuído a muitas regiões do mundo tendo as suas origens mais remotas na Pérsia, Turquia e no Próximo Oriente.
Em Espanha a lenda foi atribuída às cidades de Córdova e de Sevilha, mas tudo indica que os amores de lbne-Almundim e Gilda se referem a Silves, Algarve, em Portugal.
As amendoeiras são um dos símbolos da região do Algarve, sul de Portugal e de outras regiões de Norte e a Sul (Terra Quente e Alto Douro), onde há importantes festividades anuais relacionadas com as “Amendoeiras em Flor” e esta árvore de fruto está associada à memória e à tradição cultural das terras e das gentes.
Serve de tema para livros, peças de teatro, desenhos animados, trabalhos de escolas, poemas e filmes.
Este é um filme de ficção, baseado nos acontecimentos descritos na lenda.
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
O homem
acorda da anestesia e olha em volta. Ainda está na sala de recuperação. Há uma
enfermeira do seu lado. Ele pergunta se foi tudo bem.
- Tudo
perfeito - diz a enfermeira, sorrindo.
- Eu estava
com medo desta operação...
- Por quê?
Não havia risco nenhum.
- Comigo,
sempre há risco. Minha vida tem sido uma série de enganos...
E conta que os enganos começaram com seu nascimento. Houve uma troca de bebês no berçário e ele foi criado até os dez anos por um casal de orientais, que nunca entenderam o fato de terem um filho claro com olhos redondos.
E conta que os enganos começaram com seu nascimento. Houve uma troca de bebês no berçário e ele foi criado até os dez anos por um casal de orientais, que nunca entenderam o fato de terem um filho claro com olhos redondos.
Descoberto o
erro, ele fora viver com seus verdadeiros pais. Ou com sua verdadeira mãe, pois
o pai abandonara a mulher depois que esta não soubera
explicar o nascimento de um bebê chinês.
- E o meu
nome? Outro engano.
- Seu nome
não é Lírio?
- Era para
ser Lauro. Se enganaram no cartório e...
Os enganos se sucediam. Na escola, vivia recebendo castigo pelo que não fazia.
Fizera o vestibular com sucesso, mas não conseguira entrar na universidade. O
computador se enganara, seu nome não apareceu na lista.
- Há anos que
a minha conta do telefone vem com cifras incríveis. No mês passado tive que
pagar mais de R$1 3 mil.
- O senhor
não faz chamadas interurbanas?
- Eu não
tenho telefone!
Conhecera sua
mulher por engano. Ela o confundira com outro. Não foram felizes.
- Por quê?
- Ela me
enganava.
Fora preso
por engano. Várias vezes. Recebia intimações para pagar dívidas que não fazia.
Até tivera uma breve, louca alegria, quando ouvira o médico dizer:
- O senhor
está desenganado.
- Mas também
fora um engano do médico. Não era tão grave assim. Uma simples apendicite.
- Se você diz
que a operação foi bem...
A enfermeira
parou de sorrir.
- Apendicite?
- perguntou, hesitante.
- É. A operação
era para tirar o apêndice.
- Não era
para trocar de sexo?
Luís Fernando Veríssimo
1 Símbolo
da unidade do sistema monetário do Brasil (Real)
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